Já está disponível a nova edição de 2024 da nossa Revista VERTENTES, elaborada pela Equipe Técnica do AXIS Instituto.
EDITORIAL
Ao fim deste ano de 2024, cremos não ser exagerado dizer que este foi um ano acelerado, retratando a nossa percepção de tempo como algo que aglutina cada vez mais tarefas e compromissos num mesmo intervalo temporal, trazendo uma sensação de velocidade e, por que não reconhecer, também de fadiga, como nos lembra o filósofo Byung-Chul Han. Na roda-viva da vida, nos esquecemos, muitas vezes, de apreciar os nossos feitos e as belezas do mundo; fugimos à reflexão e ao contato mais íntimo com nosso ser interior e com nossa espiritualidade; afastamo-nos do nosso próximo, da vida em comunidade. Em meio a esse turbilhão, o atual número da Vertentes é um convite a algumas reflexões sobre o mundo da convivência e sobre o mundo do trabalho, nas e com as instituições católicas.
Apresentamos, logo na abertura desta edição da Vertentes, alguns momentos do mais recente seminário do Axis em Roma, para governos gerais, com diversos pontos sobre Governança e Gestão, convidando os participantes a reflexões e debates.
O artigo que se segue, sobre o recém encerrado sínodo, nos convida – leigos, religiosos/as e clero – a refletir sobre a sinodalidade como uma forma prática de ser Igreja: colaborativa, coesa e fiel à vocação evangélica, todos sendo corresponsáveis na escuta das diferenças que permitem o encontro, num compromisso de interiorização cristã e humana.
E, como a realidade laboral das últimas décadas das Obras católicas tem incluído e dependido, cada vez mais, do trabalho dos leigos e leigas, o artigo seguinte aborda um aspecto nefasto que também está presente nessa nova realidade: a manipulação, que alguns leigos e leigas exercem sobre religiosos, religiosas e membros do clero e que, infelizmente, leva, na grande maioria das vezes, a impactos negativos substanciais, seja na dimensão material, seja nas dimensões simbólicas e humanas, das Obras e das pessoas envolvidas.
Abordando a dimensão material das Obras católicas, dois artigos nos convidam à reflexão: o primeiro destaca a importância de conhecimentos e métodos específicos para se conduzir uma adequada gestão do patrimônio dos entes católicos, a despeito dos enormes desafios impostos pelo mercado atual. O segundo artigo, de uma especialista italiana na área de gestão patrimonial e arquitetura, chama a atenção para o grande número de imóveis da igreja, na Itália, e sua destinação, nos tempos atuais. A autora destaca a importância de uma adequada e humanizada gestão de tais imóveis, para que os mesmos não se tornem oportunidades de especulação e de riqueza de alguns, com a supressão, para todos, de bens e de riqueza que são, ao fim e ao cabo, coletivos.
E, como o mercado tem, de certo modo, exercido enorme impacto sobre todos nós, o último artigo, sobre “gerencialismo”, chama a atenção do leitor e da leitora para esse aspecto insidioso que pode afligir as instituições da Igreja. O religioso, religiosa, membro do clero e leigo ou leiga, em nome dos primeiros, no afã de “fazerem uma boa gestão” correm o risco de conduzirem tal processo com olhares empobrecidos e mecânicos, em oposição a olhares bioinformados, olvidando do fato mais essencial de que as Obras católicas existem para o ser humano, para elevar o homem, para aproximá-lo de Deus.
Consolidando mais este ano, desejamos a vocês, leitores e leitoras, um Santo Natal e um 2025 com ainda mais Energias, Boa Vontade, Esperanças e Fé.
Axis Instituto
Diretoria
Boa leitura e um Santo Natal!