porta instituicao identidade fortalecimento porta instituicao identidade fortalecimento

Identidade como fator de fortalecimento das instituições confessionais

4 minutos para ler

(Por Dr. Sebastião Castro)

Introdução

A longevidade das instituições confessionais católicas, sempre admirada por quem as estuda ou por quem nelas labora, advém e depende de uma série de fatores que merecem, por si só, estudos aprofundados. Nesse rol de fatores, certamente um dos mais marcantes é a identidade dessas instituições.

Identidade, para efeitos deste artigo, é aquilo que se constitui a partir de traços que se repetem[1], nas instituições, ao longo dos anos. Com microvariações e evoluções, ao longo de décadas e séculos, tais repetições de traços, elementos culturais, símbolos e outras marcas, caracterizam e constituem a identidade, tornando uma instituição distinta de outras.

E o que se constitui, com a repetição de traços? A imagem da instituição, a percepção, interna e externa, que se tem dela, os sentimentos atrelados a ela, as ideias que se faz a respeito da instituição, os conceitos que se atribui a ela.

Como trabalhar a identidade?

Em termos mais objetivos, a identidade pode ser conhecida, ou ser tornada consciente, a partir de seus traços tangíveis e intangíveis.

Exemplos de traços tangíveis são: objetos deixados pelos fundadores; objetos utilizados no dia a dia pelos religiosos (crucifixo, anéis, hábitos); elementos visuais da logomarca e das edificações (cores, texturas, tipos gráficos utilizados nas fachadas e na papelaria, elementos arquitetônicos específicos e comuns a todas as obras); documentos (atas de fundação, estatutos, livros dos fundadores, artigos escritos pelos antecessores).

Todos esses elementos ou traços identitários precisam ser reconhecidos, estudados e apropriados pelos religiosos, se se empreende um processo de reconhecimento e aprofundamento de sua identidade institucional.

Esses elementos tangíveis são “sínteses histórico-afetivas” da instituição, trazendo “dentro de si” dimensões profundas de significado que, por isso mesmo, precisam ser revividas, conhecidas por todos, tornadas “conscientes” para todos os membros da instituição. Trata-se de um avivamento, de um “trazer à vida” aquilo que, de certo modo, jaz já inerte e “morto”.

Muitas vezes distante do presente, a exemplo de um objeto pessoal do fundador, tal objeto síntese precisa novamente “ganhar vida”, abrindo para o mundo, para os mais jovens, todos os significados ali encerrados. Suas dimensões históricas e afetivas precisam ser estudadas, conhecidas, avivadas. 

É preciso que se deixe tais objetos “falarem por si mesmos”; necessário é que se tornem compreendidos e relacionados aos contextos da vida vivida pelos fundadores, em suas dimensões pessoais, sociais, antropológicas, políticas, econômicas, espirituais.

Aprofundar a identidade, a partir de elementos concretos, significa debruçar-se sobre a História da Congregação, em seus meandros e nuances, buscando significados e sentidos vividos e também aqueles atribuídos a tais objetos ao longo do percurso histórico da instituição.

Precisa ser uma busca intencional e inquisitiva, que procure penetrar por camadas mais profundas, nem sempre acessíveis ao primeiro toque ou à primeira leitura. É importante lembrar que os traços tangíveis trazem consigo significados que são intangíveis, que estão na ordem do simbólico.

O que se busca, portanto, não é a materialidade em si mesma de tais elementos, mas aquilo a que essa materialidade remete ou aquilo a que se refere, nas dimensões simbólicas.

[Continua]


[1] Do latim “identitas”, “identiden”, de “idem et idem”, ou seja,” o mesmo e o mesmo” – www.etymonline.com; ou seja, aquilo que se repete, dia após dia.



Foto: Pixabay

Posts relacionados