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(Por Sérgio Negro)
Missão dos imóveis?
O ser humano busca a sua paz interior, na maioria das vezes, no seu exterior. Uma necessidade íntima de proteção, conforto ou segurança que, muitas vezes, é representada materialmente por um abrigo, caverna ou casa. Nesses locais tão almejados ele trabalha, socializa, descansa, alimenta-se e entra em contato com Deus. Essa necessidade é tão premente em nossa psique que, sem esses locais, a experiência anímica representa uma equiparação direta ao mundo animal. Sem abrigo sentimo-nos indefesos seres humanos. Será essa a mesma missão dos imóveis para a vida religiosa?
Inclusão social e propriedades religiosas
A função social da propriedade religiosa amplia ainda mais o conceito de servir. Implica também que se promovam políticas para sua inclusão social. Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, o Papa Francisco considera a inclusão social dos pobres uma das “grandes questões que (…) parecem fundamentais neste momento da história”, junto com a questão da paz e do diálogo social.
De maneira geral, a ordem natural da propriedade não deixou de ser confirmada pela visão Cristã como um direito e não um poder, bem como o fundamento material da família.
Como bem tratou do tema, o papa Francisco, em 16 de janeiro de 2016, numa audiência com os membros do Movimento Cristão dos Trabalhadores da Itália, disse: “Devemos educar para um humanismo do trabalho, onde o homem, e não o lucro esteja no centro; onde a economia sirva ao homem, e não se aproveite do homem”.
Como meios especializados, os imóveis não se prestam a qualquer atividade. Quanto melhor um imóvel, melhor ele atinge seu objetivo de servir ao ser humano. Como tudo neste mundo, o imóvel também tem uma missão de servir, promovendo a sensação de abrigo e facilitando o desenvolvimento das atividades dentro e em torno dele.
Na missão religiosa eles, os imóveis, possuem características especiais também. Sobre elas nossa atenção deve ser dirigida. Como todo meio físico, eles precisam de nossos cuidados para o seu bom funcionamento. Além disso, para o atingimento das metas projetadas em sua concepção e em suas futuras readequações, temos que especializar os espaços.
Para ilustrar, destacamos alguns aspectos que merecem processos adaptados à utilização dos imóveis pela vida religiosa: manutenção da estética religiosa; elevados níveis de conforto; ventilação adequada; proteção ao meio ambiente; ergonomia do mobiliário; eficiência energética; manutenção preditiva, preventiva e corretiva visando garantir sua disponibilidade e estanqueidade; projeto de iluminação apropriado; projeto de sinalização; acessibilidade a todos; sonorização eficiente; limpeza exemplar; projeto sanitário legal; segurança ampla e irrestrita; tecnologia à disposição para todos; relação dinâmica entre o imóvel e o seu usuário; disponibilidade de lojas ou serviços de conveniência, etc.
Foto: Imóveis.
Um programa completo deve ser desenvolvido. Definir um gestor de facilidades responsável por tudo isso é essencial para que os imóveis possam cumprir suas funções com perfeição e indefinidamente. Oportunamente, em artigo futuro, discutiremos programas de capacitação ou terceirização destas funções.
De acordo com sua utilização pela vida religiosa, podemos diferenciar os imóveis que contribuem para elevar nossas almas, os que servem para o funcionamento de obras sociais e os que se destinam à geração de recursos ou investimentos.
As igrejas, capelas, conventos, grutas e etc., facilitam o enlevamento interior. Através do acolhimento completo da pessoa a experiência religiosa pode ser sublimada em tranquilidade. Proporcionar, com perfeição, o cumprimento da missão desses templos, é alinhar o meio com uma das finalidades da religião.
[Continua]
Sobre o autor (Sergio Negro):
Arquiteto, Especialista em Negócios Imobiliários. Sócio diretor da Maxiz – Gestão Patrimonial (empresa do GRUPO AXIS).
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Fotos: Pixabay
