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Blockchain

8 minutos para ler

(Por Sebastião Castro, Dr)

Como essa nova tecnologia vai afetar nossa vida e nossa maneira de trabalhar

O que é Blockchain?

Nos últimos anos, qualquer pessoa minimamente ligada em tecnologia ou nas notícias, já ouviu falar em “bitcoin[1]. Muitos já sabem que se trata de uma “moeda digital” ou uma “criptomoeda”, mesmo que não se entenda ainda exatamente, o que essas palavras querem dizer. O que poucos sabem, porém, é que a tecnologia por trás do bitcoin se chama “blockchain”. Essa tecnologia está sendo considerada, pelos especialistas, como algo inovador e disruptivo, e que mudará as vidas de todos nós nos próximos anos, mais do que a própria internet o fez.

O “bitcoin”, ou moeda digital (ou seja, sem existência física, como as moedas tradicionais como o dólar, euro, real, etc), foi lançado em 2009, em plena crise econômica, por um programador conhecido apenas por um pseudônimo: Satoshi Nakamoto. Foi a primeira moeda digital, mas não é a única, hoje.

Uma das características importantes do bitcoin e que possibilitou que ele emergisse e se firmasse no mercado é que ele é descentralizado, ou seja, não há nenhum banco central ou governo ou empresa que o controle, podendo ser transacionado entre pessoas, sem intermediários. A ideia subjacente é que as criptomoedas possam ser transacionadas mundialmente, de forma transparente e aberta, derrubando as barreiras entre países e bancos centrais, assim como o faz a internet.

E a tecnologia que permite que tais transações diretas, entre pessoas desconhecidas, seja pautada pela confiança é a blockchain. Confiança é o principal pilar que sustenta as moedas físicas. Funciona assim: se eu tenho em mãos (ou no banco) 50 reais, o caixa da loja, ou do supermercado, ou o “delivery” de comida, confiam que aqueles 50 reais valem mesmo os 50 reais e, portanto, me entregar um sanduiche ou um produto qualquer, naquele valor, é uma operação válida, lícita, confiável.

Para garantir esse sistema de “confiança”, por trás há sempre um banco central, com um “fiador”: o governo do país. Por isso é que quando a confiança no governo de um país é baixa, ou quando cai esse “nível de confiança”, o valor da moeda daquele país também cai. Bem, o bitcoin e outras criptomoedas (as chamadas “altcoins[2], a mais famosa delas sendo o “Ethereum” – na verdade, uma plataforma ousada que promete ser mais do que uma criptomoeda) mudaram esse conceito de ser sempre necessário um banco central e um governo por trás de uma moeda. Hoje existem inúmeras “altcoins”, negociadas em bolsas e em outros “trades”, via internet, constituindo um novo mercado. E esse mercado está ancorado, então, na blockchain.

Foto: Corrente de dados.

Blockchain, ou cadeia de blocos, é uma tecnologia ou um sistema que permite que informações, na internet, possam ser trocadas e rastreadas, com códigos online contendo informações que conectam um bloco com o outro, formando um encadeamento de blocos informacionais. No artigo que lançou a ideia, Nakamoto explica que a blockchain é:

“uma rede que imprime o tempo em que as transações foram realizadas, colocando-as em uma cadeia contínua no ‘hash’[3], formando um registro que não pode ser alterado sem refazer todo o trabalho”.  (p.1)

Inicialmente concebida para dar “corpo” ao bitcoin, viu-se, posteriormente, que as aplicações da blockchain poderiam ser muito mais amplas do que sua utilização apenas para as criptomoedas.

A blockchain[4] é possível devido à computação em nuvem (cloud computing), que torna viável o processamento simultâneo e veloz de um enorme volume de informações na internet mundial; cada “bloco” (arquivo)  da cadeia é criptografado com uma função “hash”; todas as transações ao longo da cadeia são registradas num “livro-razão” e não podem ser apagadas, mesmo sendo acessíveis a qualquer um; os “mineradores” são as pessoas que ligam cada bloco ao seu antecessor, na longa cadeia, calculando ou definindo o “hash” correto de cada bloco, para ligá-los.

Portanto, cada bloco contém um arquivo e um hash, o que garante que as informações contidas nesse bloco não foram violadas. Todo novo bloco criado contém a sua hash e a do bloco anterior, assim conectando um bloco ao outro.  Toda a sequência de blocos encadeados e “selados” é a blockchain propriamente dita.

A blockchain funciona a partir de alguns princípios:

  • Ela é uma rede “ponto a ponto” (p2p) ou seja, um sistema de compartilhamento de arquivos que não passam por um servidor central; os computadores dos usuários conectam-se diretamente entre si, compondo uma rede descentralizada. Redes p2p são mais rápidas, sem ponto único de falhas, e todos que fazem “downloads” também podem fazer “uploads”, ou seja, carregar arquivos.
  • Não há um intermediário nas transações, para regulá-las; todas as ações são validadas pela própria rede sendo o processo, então, descentralizado.
  • A “prova ou testemunho do trabalho” é um conjunto de identificações que comprovam quem foram os responsáveis, na rede, pela validação das transações.
  • Cada transação, por sua vez, só é válida se mais da metade da rede validá-la, ou seja, se houver um consenso nessa validação, e isso objetiva evitar ou suprimir fraudes.
  • A partir desses princípios, a blockchain vem sendo conhecida como a tecnologia da “confiança”.

[Continua]

[1] O artigo original de S. Nakamoto é: “Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System” e pode ser lido em: https://bitcoin.org/bitcoin.pdf (2008)

[2] Outros exemplos de criptomoedas são: tether, litecoin, binance coin, cardano, dogecoin, XRP, USD coin, polkadot, uniswap.

[3] “A função hash é um algoritmo matemático para a criptografia, na qual ocorre uma transformação do dado (como um arquivo, senha ou informações) em um conjunto alfanumérico com comprimento fixo de caracteres. A criptografia hash é utilizada para resumir dados, verificar integridade de arquivos e garantir a segurança de senhas dentro de um servidor.” (Valle, Sávio) In: https://www.voitto.com.br/blog/artigo/o-que-e-hash-e-como-funciona

[4] In: https://blog.nubank.com.br/o-que-e-blockchain/

Sobre o autor (Sebastião Castro, Dr):

Doutor, área de Políticas Públicas; Especialista em Gestão de Pessoas nas Organizações; Governance, Risk and Compliance (Lisboa); Mestre em Meio Ambiente (UFMG); Especialista em Recursos Hídricos (Aston University, Inglaterra); Especialista em Gestão e Manejo Ambiental (UFLA); Perito Judicial Ambiental; Professor Ex-Diretor de Escolas; Coordenador de Projetos Internacionais de Educação; Viagens técnicas (meio ambiente e educação) a mais de 30 países; Consultor, há mais de 20 anos, nas áreas de Gestão e Educação, para mais de uma centena de escolas e IES católicas. Autor de “Gestão de Pessoas em Instituições Confessionais” e “Perda de Alunos nas Escolas Católicas”.

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Fotos: Pixabay

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