(Por Keyla Mayumi Melo, Me)
As tecnologias e o cenário atual
As tecnologias têm mudado consideravelmente o contexto social nos últimos anos; a utilização das redes sociais, os aplicativos e outras mídias geraram uma grande transformação na comunicação entre as pessoas, trazendo novas formas de convivência e atuação na sociedade.
Diante desse cenário, as escolas têm enfrentado desafios relativos à implantação de estratégias na busca de maior eficácia no processo educativo, considerando uma adaptação ao novo perfil de alunos e famílias que chegam às instituições de ensino.
Um dos aspectos a se ressaltar é a utilização das tecnologias como ferramentas de processos de ensino e aprendizagem. Esse movimento começou há algum tempo, com a disseminação da denominada “informática educativa” e a implantação de laboratórios de computadores nas escolas, estabelecendo momentos específicos para que os alunos e professores tivessem uma interação com esse recurso.
Com o desenvolvimento constante das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), hoje nos deparamos com um universo diversificado de recursos midiáticos e equipamentos como celulares, tablets, smartphones e outros.
O ambiente, antes delimitado ao laboratório de informática, também ganhou espaço nas salas de aula com a instalação de projetores multimídia, notebooks e outros, que propiciaram amplo acesso à informação para alunos e professores.
Segundo Fernandes (2013, p.115), “as tecnologias de informação e comunicação (TICs) e todas as suas combinações estimulam e abrem oportunidades para a ação dos indivíduos”.
Impactos da tecnologia
A evolução das soluções tecnológicas em curto espaço de tempo nos últimos anos impactou a sociedade, a prática escolar, as metodologias e estratégias de ensino.
Os processos educativos estão se adaptando às tecnologias digitais e redes sociais. Nesse sentido, está ocorrendo uma grande modificação das concepções em relação à forma de aprender e ensinar.
A expressão “Tecnologias de Informação e Comunicação” inclui a delimitação do significado do termo tecnologia, entendida como os veículos que podem ser usados para transmitir informações e viabilizar a comunicação. […]Aplicado aos processos de ensino e de aprendizagem, observa-se que o uso de TICs potencializa as possibilidades de interação, mantendo as características inerentes aos aspectos informações e comunicações, viabilizando a construção do conhecimento. (DALABONA; FARINIUK, 2018, p. 43-45, apud. GROSSI, 2018)
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Com o desenvolvimento das TICs, verifica-se uma ampliação das iniciativas relativas à Educação a Distância (EaD), utilização de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), plataformas adaptativas, implementação de games, dentre outras.
Toda essa diversidade de recursos remete a um novo contexto de aprendizagens; de acordo com Bacich, Neto e Trevisani (2015, p.50), “as tecnologias digitais modificam o ambiente no qual estão inseridas, transformando e criando novas relações entre os envolvidos no processo de aprendizagem…”. O tempo e o espaço se colocam em outras dimensões, possibilitando novas formas de interações virtuais.
As TICs e a BNCC
Diante desse cenário, verifica-se que a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe a ação pedagógica com a utilização das TICs para o desenvolvimento das competências nela estabelecidas. Dentre as dez competências gerais da Educação Básica, ressalta-se:
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva (BNCC, p.9).
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Nesta direção, as instituições de ensino devem se reorganizar, buscando o efetivo desenvolvimento das atividades conforme preconiza a BNCC. As práticas pedagógicas precisam ser repensadas de forma inovadora, e é fundamental um dinamismo no espaço escolar.
Deve-se considerar que dentre as ações previstas nas propostas curriculares das escolas, a BNCC (p. 17) define: “selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos e tecnológicos para apoiar o processo de ensinar e aprender”.
Outra reflexão pertinente ao trabalho pedagógico trata do desenvolvimento das competências digitais, conforme Moran (2017, p.04) “[...]As competências digitais mais importantes hoje, além de programar, são: saber pesquisar, avaliar as múltiplas informações, comunicar-se, fazer sínteses, compartilhar on-line”.
Atualmente, constata-se que uma nova linguagem se constituiu no meio social. De acordo com Rangel e Freire (2012, p.57), com “o desenvolvimento da tecnologia digital tornou possível um novo modelo de comunicação, cuja estrutura, ao menos em tese, é mais dialógica”.
Sobre esse aspecto, a BNCC (p. 68) faz referência: “As práticas de linguagem contemporâneas não só envolvem novos gêneros e textos cada vez mais multissemióticos e multimidiáticos, como também novas formas de produzir, de configurar, de disponibilizar, de replicar e de interagir”.
Estabelece-se nesse contexto, então, uma nova visão do aluno, com uma postura participativa, que desenvolve seus projetos e processos de interação. Os discentes de modo geral participam de grupos das redes sociais e de várias comunidades virtuais, e já trazem para escola vivências que caracterizam esse novo perfil.
O aluno aprende por intermédio de experiências com várias mídias digitais, virtuais, e o espaço de aprendizagem não é mais só o da escola e da sala de aula. Conforme Rangel e Freire (2012, p.46), “as mídias podem também ser entendidas como fontes potencializadoras da criação coletiva[…] pela sua condição e suas possibilidades de promover interação social e a construção cultural”.
As práticas pedagógicas, de modo geral, vêm apresentando mudanças; nesse sentido, deve-se atentar para alguns aspectos, como explicita Bacich, Neto e Trevisani (2015, p.62): “É importante que o processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma colaborativa, com foco no compartilhamento de experiências e na construção do conhecimento por meio das interações com o grupo”.
Essa afirmação corrobora com a abordagem de Inteligência Coletiva de Levy (2003) que preconiza compartilhamento e troca de conhecimentos entre indivíduos.
(Continua)
Sobre a autora (Keyla Mayumi de Melo, Me.):
Pedagoga, Especialista em Atividades prático experimentais na Educação em Ciências e Tecnologia e Mestre em Educação e Tecnologia. Consultora do Axis Instituto.
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Fotos: Pixabay