energia eficiente igreja catolica energia eficiente igreja catolica

Eficiência Energética nas Entidades Eclesiásticas

7 minutos para ler

(Por Sebastião V. Castro, Dr)

Eficiência Energética como pilar de Sustentabilidade

As questões ambientais estão cada vez mais presentes nas discussões sobre a perenidade das instituições e corporações mundo afora. As Obras católicas de todos os tipos incluem-se no rol das que precisam igualmente envidar esforços no sentido de mitigarem seus impactos ambientais, enquanto, simultaneamente, logram economizar recursos que podem contribuir para a sua perenização e ser utilizados em trabalhos sociais. O Papa Francisco, na Laudato Si exorta todos os seres humanos ao cuidado com a casa comum:

 

“O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar.” (p. 12)[1]

 

A utilização planejada e cuidadosa dos bens ambientais busca reduzir os impactos diretos e as externalidades[2] dos empreendimentos sobre o meio ambiente.

O termo sustentabilidade, a partir do Relatório Bruntland [3], chama a atenção para o uso racional dos recursos naturais, hoje, de forma a garantir a sua presença e utilização para as futuras gerações. O termo tem sido ampliado para se referir, também, ao equilíbrio financeiro de organizações e, mesmo, à sua perenização no tempo. É nesse contexto ampliado, com as três dimensões citadas, que os esforços e mecanismos de eficiência energética devem ser compreendidos.

Eficiência Energética

Entende-se por eficiência energética o “fazer mais com menos energia”[4]. Isso se consegue com o correto planejamento, aquisição e utilização de equipamentos elétricos mais eficientes. Para exemplificar, uma lâmpada de LED de 7W tem um nível de iluminamento igual a uma lâmpada incandescente de 60W, com uma economia de energia de cerca de 90%, durando 50 vezes mais e transferindo muito menos calor para o ambiente.[5]

Em edificações já existentes consegue-se melhor eficiência energética através de uma operação de retrofit [6]. A economia de energia reduz custos operacionais, provoca menor impacto ambiental (utilização de menos combustíveis fósseis, redução de fontes de geração) e contribui para uma maior segurança energética do país.[7]

A diversificação da matriz energética brasileira, a partir dos últimos 15 anos, tem significado o incremento na produção de energia a partir de fontes eólica, solar, biogás, dentre outras fontes renováveis e não produtoras de gases de efeito estufa.

Conquanto esteja ainda bastante atrasado, em relação a países desenvolvidos, em produção de energia a partir de fontes renováveis, o Brasil tem avançado consideravelmente. Nos últimos anos os números associados à produção de energia a partir de fontes renováveis, no país, são dignos de atenção.

Entre 2016 e 2018 houve um incremento de 300% no uso de energia solar.[8] Em janeiro de 2018 o país está ultrapassando a marca de 1 gigawatt (GW) em operações de usinas fotovoltaicas conectadas à matriz elétrica nacional [9], suficiente para abastecer 500 mil domicílios e 2 milhões de pessoas, com energia renovável, limpa, sustentável e competitiva.

Em Assú (RN), acaba de entrar em operação a usina Solar Assu V, com 30 MW de capacidade instalada, em 72 hectares e com investimento de R$220 milhões.[10] Em leilões de energia, tem havido disputa dos investidores interessados em construir empreendimentos, a serem entregues até 2023.[11]

Avanços, especialmente no tocante à criação de redes inteligentes de energia são necessários e precisam ser feitos rapidamente.[12]


Foto: Energia limpa e sustentável

Soluções para as Obras católicas

Nesse cenário que se avizinha, e estimuladas pela Laudato Si, as Obras católicas estão gradualmente se engajando nessa empreitada pela sustentabilidade.

O Axis Instituto, acompanhando os desdobramentos do mercado de energia e das demandas por energia de fontes renováveis está lançando, com parceiros de renome, oportunidades para as Congregações e Institutos de Vida Consagrada contarem com seus próprios projetos de eficiência energética, em duas frentes: retrofit de obras de maior porte, para a redução do consumo de energia, e a possibilidade de terem suas próprias usinas fotovoltaicas, produzindo energia limpa e renovável, enquanto reduzem significativamente suas contas de energia que, em alguns casos, são a segunda maior fonte de despesas, atrás apenas da folha de pagamento.

Apresentamos, ainda, uma solução muito engenhosa e prática, qual seja, a possibilidade de se unirem em pequenos consórcios (mínimo de três Congregações), em que apenas uma usina fotovoltaica, localizada em área de terreno pertencente a uma das Congregações, abastece as obras das outras duas Congregações consorciadas.

A Congregação que cede o terreno recebe um valor mensal pelo arrendamento do mesmo. Assim, obterá uma economia ainda maior. Essa solução, como se pode perceber, atende também ao princípio da intercongregacionalidade, tão caro à vida dos Institutos e muito relevante, ainda, para a sustentabilidade das obras católicas.

Todos os contatos entre Congregações serão feitos pelo Axis e seus parceiros, assim como os estudos de viabilidade (tamanho das usinas, custos envolvidos – a cargo dos parceiros, local de construção, etc).

[Continua]

 


[1] http://w2.vatican.va/content/dam/francesco/pdf/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si_po.pdf

[2] Externalidade pode ser compreendida, sucintamente, como os efeitos ambientais colaterais, quase sempre danosos, de empreendimentos. Uma discussão sobre o termo encontra-se em SILVA, Marianela; CASTRO, Sebastião, (Org.)  Olhares Plurais sobre o Meio Ambiente: uma visão interdisciplinar, 2011,  Ícone Editora. Vide cap. “Gestão e Meio Ambiente: Por uma nova concepção de Gestão Ambiental”, de S. Castro.

[3] Publicado em 1987, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, da ONU, também chamado “Nosso Futuro Comum”. Introduz, pela primeira vez, o conceito de “desenvolvimento sustentável”.

[4] http://www.abesco.com.br/pt/o-que-e-eficiencia-energetica-ee/

[5] http://www.abesco.com.br/pt/o-que-e-eficiencia-energetica-ee/

[6] Processo de modernização de algum equipamento já considerado ultrapassado ou fora de norma. Um exemplo de retrofit consiste na adaptação tecnológica das instalações elétricas, hidráulicas e dos principais equipamentos instalados nas áreas comuns dos edifícios, como elevadores, sistemas de iluminação e mobiliários, dentre outros. https://pt.wikipedia.org/wiki/Retrofit

[7] GIMENES, André; SAIDEL, Marco. Conceitos em Eficiência Energética. https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2142438  Eficiênciahttps://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2142438

[8] http://www.inpe.br/noticias/?chave=energia+solar&mes=&ano=

[9]https://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2018/01/energia-solar-fotovoltaica-brasil-acaba-de-ultrapassar-marca-historica-de-1-gw/33559

[10]https://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2018/01/aneel-autoriza-operacao-da-usina-solar-assu-v-rio-grande-norte/33528

[11] https://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2017/12/energia-solar-e-eolica-atingem-pela-1a-vez-no-brasil-preco-de-contratacao-mais-baixo-que-hidrica/33515

[12] https://www.ambienteenergia.com.br


Sobre o autor (Sebastião Castro, Dr.):

Doutor, área de Políticas Públicas; Especialista em Gestão de Pessoas nas Organizações; Governance, Risk and Compliance (Lisboa); Mestre em Meio Ambiente (UFMG); Especialista em Recursos Hídricos (Aston University, Inglaterra); Especialista em Gestão e Manejo Ambiental (UFLA); Perito Judicial Ambiental; Professor Ex-Diretor de Escolas; Coordenador de Projetos Internacionais de Educação; Viagens técnicas (meio ambiente e educação) a mais de 30 países; Consultor, há mais de 20 anos, nas áreas de Gestão e Educação, para mais de uma centena de escolas e IES católicas. Autor de “Gestão de Pessoas em Instituições Confessionais” e “Perda de Alunos nas Escolas Católicas”.


Leia o artigo na íntegra!
CLIQUE AQUI


Fotos: Pixabay

 

 

Posts relacionados