A Constituição Apostólica Praedicate Evangelium sobre a Cúria Romana

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(Por Márcio Moreira, Me)

A encíclica 'Praedicate Evangelium'

O Papa Francisco, no seu nono ano de pontificado, editou a encíclica “PRAEDICATE EVANGELIUM“ que nos apresenta uma nova estrutura organizacional para a Cúria Romana a partir de diversos dispositivos institucionais que foram revisitados de forma colegiada.

A nova Constituição foi publicada em 19 de março de 2022, dia de São José, patrono e protetor da Igreja Católica e passa a vigorar, exatamente, no dia da celebração de Pentecostes, 05 de junho de 2022, data em que a igreja celebra a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e sobre a Boa Mãe. Ela enfatiza a importância que a igreja atribui à sua face missionária, ratificando que as grandes estruturas eclesiásticas, inclusive a própria Santa Sé, devem estar a serviço da missão evangélica

Inicialmente publicada em italiano e nominada, em latim, de Praedicate Evangelium, que em sentido literal e missionário pode ser interpretada como “PROCLAMANDO A BOA NOVA”, ela é resultado de um trabalho conjunto da igreja universal, em discussão mais enfática, desde 2013 (ano do último conclave). 

O novo normativo revê, com ações coordenadas, aspectos físicos, administrativos, jurídicos, financeiros, pastorais e, essencialmente, humanos, sendo significativo e sutil o fato de esta nova encíclica revogar uma editada por um Santo. No caso, a Pastor Bonus, de João Paulo II, que havia sido editada em 28 de junho de 1988 e se encontrava vigente desde 01 de março de 1989. Tal sutileza demonstra que a igreja, também, deve se revigorar e não considerar que as questões humanas, da caminhada, são imutáveis. 

É o próprio Papa Francisco que, em 2013, anunciou a todos os cristãos de forma profética: “Na vida cristã, e também na vida da Igreja, existem estruturas caducas e é necessário renová-las” e, na ocasião, prosseguiu, clamando ao Espírito Santo: “que Ele renove estas estruturas, as estruturas da Igreja. Não tenhais medo disso! (…) Não tenhais medo de renovar as estruturas.” 

A fundamentação no evangelho

A fundamentação evangélica, que inspira os seus 250 artigos, pauta-se na proclamação da palavra exortada pelo próprio Cristo que nos diz, de forma vigorosa nos tempos atuais, “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (cf. Mc. 16, 15) e “Por onde andares anuncia que o Reino dos céus está próximo. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai” (cf. Mt, 10,7-8). Esta é a tarefa que o Senhor Jesus confiou aos seus discípulos e também a nós, anunciar e, especialmente, vivenciar o evangelho velando pelos irmãos e irmãs, vulneráveis, doentes e sofredores.

A Cúria Romana a serviço

A esta Constituição Apostólica compete o desafio de harmonizar melhor o atual exercício de serviço da Cúria com o caminho de evangelização que a Igreja, sobretudo neste tempo, procura realizar. Sua regulamentação valida, portanto, um processo de reforma característico do Papado de Francisco, que destaca que “a Cúria Romana é composta pela Secretaria de Estado, pelos Dicastérios e pelos Organismos, todos juridicamente iguais entre si” e, sublinha, “a serviço da igreja”

Enfatiza-se que a Cúria, mesmo que esteja a serviço do Papa, deve necessariamente atuar em benefício da Igreja universal e, portanto, dos episcopados e das Igrejas locais. Nesse sentido a nova regulamentação reforça: “A Cúria Romana não se coloca entre o Papa e os Bispos, mas coloca-se ao serviço de ambos, segundo as modalidades que são próprias da natureza de cada um”.  Ela apresenta um direcionamento objetivo quanto à necessária busca de um ambiente servidor exemplar, constituído por ações colaborativas que entendam as inter-relações sistêmicas.

 

 

[Continua]

 

Sobre o autor (Márcio Moreira, Me):

Mestre em Administração e Finanças, Auditor, Pós-Graduado em Auditoria Externa, Graduado em Ciências Contábeis, Perito Contábil e Especialista em Gestão Tributária. Professor de Graduação e Especialização: Instituto Santo Tomás de Aquino (ISTA) e Faculdade Vicentina de Curitiba (FAVI).

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Fotos: Pixabay

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