(Por Ricardo Almeida Abdala, Me)
Geração de conhecimento e inovação, interação social e inteligência compartilhada
Na era da informação, os processos organizacionais de comunicação e decisão precisam ser vistos como um ativo que gera conhecimento, inovação, interação social e inteligência, tornando-se tácita a importância de reavaliarmos como devem ser os novos processos, quais são as suas características e os tipos de informações necessárias às novas formas de interação, a fim de que as organizações seculares e religiosas, baseadas em novos paradigmas, possam inovar e reorientar a sua visão e gestão para a sustentabilidade. Neste sentido, devem passar por um processo de readaptação, agora, ao ambiente do ciberespaço.
O processo de Comunicação e sua relevância
As organizações são o fruto da interação entre propósitos e pessoas de uma determinada comunidade, por isso há uma influência recíproca entre as organizações e o meio onde se inserem. Segundo Sainsaulieu e Kirschner (2006), as organizações são uma forma de sociabilidade produzida, transmitida, partilhada e renovada.
Os processos de comunicação organizacionais interagem com os seus diversos públicos: internos e externos, e a dinâmica derivada dessa interação, seja no ambiente interno ou externo, traz consigo uma permanente troca de informações que reforçam, alteram ou trazem novos significados para os indivíduos envolvidos, modificando o seu comportamento.
Este novo processo cognitivo é aplicado às tomadas de decisão e ações gerando novos conhecimentos, o desenvolvimento das organizações e da sociedade, o que traduz a teoria da criação do conhecimento proposta por Nonaka e Takeuchi (1997).
As organizações nunca vivenciaram um ambiente de tantos desafios como os atuais, pois não basta crescer: o novo desafio é sustentar o crescimento dentro de um ambiente altamente competitivo, onde a velocidade das decisões e o acesso tempestivo às informações de qualidade são basais. Ferraz (1999) conceitua competitividade como a capacidade de a empresa formular e implementar estratégias concorrenciais que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado, obrigando as organizações a buscarem novas formas de manter tal posição.
A sociedade da informação e do conhecimento traz consigo novas necessidades de interação e inovação, e as tecnologias de comunicação emergentes estão alimentando as expectativas de participação, com a proposta de acesso instantâneo a informações abundantes em qualquer lugar da aldeia global eletrônica.
O fato é que a maioria das organizações que vão para o ciberespaço, se tornam o “cibercaos”, utilizando inúmeras ferramentas de comunicação de maneira isolada e com propósitos indefinidos: site, Facebook, grupos de WhatsApp, Instagram, Twitter.
No âmbito da Igreja, o Papa Francisco faz referência à Internet, reconhecendo as vantagens das novas tecnologias e admite que, quando usadas corretamente, podem ajudar a construir uma sociedade saudável e aberta. As afirmações foram feitas quando Francisco se referia ao Dia Mundial da Comunicação Social da Igreja Católica.
Porém, em uma de suas entrevistas alertou: “as redes sociais podem facilitar as relações e promover o bem da sociedade, mas também aumentar a polarização e divisão entre indivíduos e grupos”. Os novos meios de comunicação são “um presente de Deus que acarreta uma grande responsabilidade”, concluiu o líder da igreja católica.
O Pontífice afirma: “também e-mails, SMS, Redes Sociais, Chat podem ser formas de comunicação plenamente humanas. Não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do homem e sua capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor” (2016).
Um aspecto de destaque no seu pontificado tem sido seu constante incentivo a ‘Cultura do Encontro’ que, segundo ele, é chave para os grandes problemas da humanidade. Esse termo é frequente nos seus discursos e escritos. A sua recorrência serve de indício para nossa hipótese de que o magistério do pontífice favorece a construção de uma nova lógica dos processos comunicacionais da Igreja e na própria sociedade.
As traduções oficiais disponibilizadas pelo site do Vaticano mostram as frases com palavras diferentes, porém, no original italiano é possível verificar que o Papa fez questão de usar exatamente a mesma frase em suas mensagens – “Mi piace definire questo potere della comunicazione come ‘prossimità”. Essa interdiscursividade demonstra que Francisco tem muita clareza de onde quer chegar – fazer com que as pessoas se comuniquem de modo mais próximo e que mesmo quando se tratar de uma comunicação mediada pela tecnologia, o fim último seja a aproximação que leve ao encontro real, efetivo e afetivo.
[Continua]
Sobre o autor (Ricardo Almeida Abdala, Me):
Administrador, Mestre em Engenharia de Produção com ênfase em Negócios e Marketing.
Leia o artigo na íntegra!
CLIQUE AQUI
Fotos: Pixabay