Perda de Alunos nas Escolas Católicas: Diálogo com convidada(os) das Regiões NORTE E NORDESTE.

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Mais um Lançamento Online do Perda de Alunos nas Escolas Católicas – algumas variáveis explicativas e o que fazer a respeito, a mais nova obra do Dr. Sebastião V. Castro (Diretor e co-fundador do Axis Instituto), aconteceu em 17 de setembro/2020 pelo Youtube.

O encontro teve como dinâmica uma Roda de Conversa com a presença do autor e da(os) convidada(os): Zita Szczepanik (Religiosa da Sociedade das Filhas do Coração de Maria), Pe. Nivaldo Magela Rodrigues, Me (Assessor do Colégio Diocesano de Garanhuns/PE), Marcelo Praciano de Sousa, Me (Doutorando em Sociedade, Mestre em Ambiente e Desenvolvimento), Márcio Moreira, Me (Diretor do Axis Instituto) e Adilson Souza, Msc (Superintendente do Axis Instituto).

O autor inicia o diálogo comentando que o livro nasceu da vivência de mais de 20 anos trabalhando com as instituições católicas no AXIS INSTITUTO e da observação constante de que as escolas, a despeito da seriedade e do bom nível em educação, vêm perdendo alunos e fechando as portas no Brasil. Mais de 300 escolas católicas fechadas e de 250 mil vagas perdidas por ano, nos últimos 40/50 anos. Isto impacta na sociedade, pois a escola católica, a primeira escola a chegar ao Brasil (com os Jesuítas), assumiu um papel preponderante na formação da sociedade brasileira. A educação católica tem um apelo e uma visão mais integrais da pessoa humana; com os valores cristãos humanistas, a escola e a Igreja têm sido guardiãs da ética ocidental, além do trabalho importante das questões acadêmicas aliadas à ética, aos valores e ao saber. O livro aponta algumas variáveis internas que precisam ser avaliadas de forma sistêmica, como elementos responsáveis pela perda constante de alunos. Márcio Moreira complementa que a obra não é um manual de ‘receitas prontas’, mas uma análise mais profunda de alguns fatores que apontam para a perda de alunos.

Zita Szczepanik parabeniza o autor e destaca que o objetivo da obra é o resgate da educação católica no Brasil, pois o mundo perderá uma riqueza muito grande se as escolas católicas não continuarem. Menciona o aspecto do advento das redes sociais que trazem a desinformação, a alienação e não contribuem para o aprofundamento do conhecimento. Zita, a partir do que o autor sustenta na obra, lamenta o anacronismo nas escolas católicas e a dificuldade na mudança do modelo mental, experimentado no seu dia a dia. O fato de as escolas serem reativas e não proativas demonstra a incapacidade de se planejarem e se anteciparem aos problemas de médio e longo prazo. Em grande parte, “nos falta flexibilidade e agilidade em acompanhar e adaptar as novas linguagens, e então, como escolas, ficamos para trás.” Nos aspectos administrativos e financeiros, destaca a irritabilidade dos pais causada pela burocracia inepta como exemplo das “estratégias de dificultação”, citadas pelo autor. Fechando sua fala inicial, Zita ressalta que a escola católica deve se reerguer, se reempoderar e se fortalecer, prestando relevantes serviços de formação humanista para a sociedade. “O fato de seguirmos as novas linguagens não significa ‘seguir a maré’, mas que as escolas católicas possam fazer a diferença.” Zita agradece ao autor pela rica experiência compartilhada e aos serviços do Axis Instituto, prestados à Igreja Católica.

Pe. Nivaldo Magela comenta que os problemas relacionados, as variáveis e até mesmo as soluções apresentadas no livro são similares à questão da vida na Igreja. Em 20 anos de vida paroquial, Magela ressalta que, “se trocarmos os atores como gestor e professor por nomes pastorais perceberemos que a sacristia ‘cresceu’ em direção à administração de escolas e hospitais.” Faz uma analogia com o título da obra: ‘Perda de fiéis nos últimos 60 anos’, ressaltando elementos conceituais como mecanismos ultrapassados e atitude clericalista. Crise, para o autor, pode ser “a regra” já que é algo constante e, para Magela, no fundo, não estamos sendo flexíveis em perceber as nuances em modificações. Outro ponto apresentado pelo convidado foi o recurso financeiro que, se a escola o tem garantido e estabilizado ela se despreocupa, o que pode ser um indício de que as coisas estão começando a caminhar mal. Destaca a Governança e sua importância na gestão; nos falta coragem de fazer, de delimitar as coisas, de definir quem fará, quem tem autonomia, dentre outros. Magela comenta sobre o conceito de master plan (relação da arquitetura da escola internamente com o entorno) que falta nas instituições e o fato de não serem ambientes de relação entre memória (aquilo que a comunidade traz), o tempo atual (como se constrói as identidades) e a perspectiva de futuro. “Estamos muito centrados só no momento atual, na captação de recursos, nas resoluções de problemas de forma reativa e não proativa, sem avaliação das condições.” Conclui que todas as coisas são pertinentes e que há uma cultura eclesiástica arraigada que se estendeu para a administração das obras públicas da Igreja: as escolas, os hospitais e tantas obras sociais, onde temos relações complexas porque reproduzem um esquema familiar ‘mal resolvido’. A recuperação de uma educação comunitária ampla se faz necessária, frente ao histórico de colonização do país.

Marcelo Praciano agradece a oportunidade de ler a obra e de discutir com o autor. Inicia sua fala dizendo que “o título ousa expor um problema e o autor discorre sobre as proposições para solucioná-lo.” Acredita que como pano de fundo do livro está a pergunta: aonde estamos errando na educação católica? Existe algo que os gestores, as congregações e os grupos educacionais católicos colocam como empecilho para o sucesso: a crise. Esta crise, que não tem qualificação e é permanente, é responsável por todos os “nossos problemas, e nos torna inertes.” Outros grupos não religiosos também estão envolvidos na crise e estão bem sucedidos. Praciano ressalta que as instituições católicas, infelizmente, estão ‘fechadas em si’, mas não ‘fechadas para si’; “quando estou fechado em mim, acredito que tenho todas as potencialidades já necessárias, não preciso avançar, não preciso me repensar como sujeito (histórico ou institucional), eu me fecho em mim.” Praciano acredita que o autor propõe a possibilidade de as instituições se ‘fecharem para si’, ou seja, de fazerem o movimento de avaliação, de as instituições se perguntarem: aonde estamos errando? As instituições, muitas vezes, são solitárias; se tivéssemos uma ampliação da solidariedade na educação católica no país provavelmente poderíamos construir um cenário de educação católica muito diferente do que temos hoje. Conclui que a educação deveria passar por uma contextualização e ser educação católica dentro deste cenário/contexto. A educação católica é importante para a sociedade brasileira porque ela pode propor alternativas de caminho, de perspectivas, com qualidade acadêmica, qualificação humana e solidária.

Adilson Souza comenta que há elementos comuns nas falas dos convidados deste encontro e, em 2014, o Papa Francisco mencionou que a educação católica era um dos desafios mais importantes para a Igreja, dado o contexto e a transformação constante. Em agosto deste ano, o CONSEP (Conselho Episcopal Pastoral) da CNBB definiu que o tema da Campanha da Fraternidade de 2021 será Educação e como perspectiva do lema: Educação para o humanismo solidário, isto culmina com o pacto global educativo do Papa Francisco, ou seja, tudo passa pela educação.

Outras importantes e ricas colocações foram apresentadas na Roda de Conversa.

Os encontros completos poderão ser assistidos no nosso Canal do Youtube:

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SUDESTE:  https://youtu.be/cnbU4mIkxlE

NORTE E NORDESTE: https://youtu.be/qOIVg2Svaak

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Aguarde o próximo lançamento regional!

Equipe de Comunicação do AXIS

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