{"id":32761,"date":"2022-10-11T08:00:29","date_gmt":"2022-10-11T11:00:29","guid":{"rendered":"https:\/\/www.axisinstituto.com.br\/blog\/?p=32761"},"modified":"2025-07-15T16:49:05","modified_gmt":"2025-07-15T19:49:05","slug":"plasticidade-neuronal-bilinguismo","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.axisinstituto.com.br\/blog\/plasticidade-neuronal-bilinguismo\/","title":{"rendered":"Plasticidade Neuronal e o Bilinguismo"},"content":{"rendered":"\t\t
(Por Dra. Svetlana de Souza Hopf)<\/p>\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t
Os efeitos ben\u00e9ficos do bilinguismo nas fun\u00e7\u00f5es executivas gerais foram evidenciados atrav\u00e9s de estudos que demonstraram o desempenho superior dos indiv\u00edduos bil\u00edngues em rela\u00e7\u00e3o aos indiv\u00edduos monol\u00edngues em tarefas cognitivas envolvendo aten\u00e7\u00e3o, mem\u00f3ria ativa e resolu\u00e7\u00e3o de conflitos<\/strong>. Em geral, acredita-se que mais da metade da popula\u00e7\u00e3o mundial seja bil\u00edngue.<\/p> Nos EUA e no Canad\u00e1, aproximadamente 20% da popula\u00e7\u00e3o fala, em sua resid\u00eancia, um segundo idioma al\u00e9m do ingl\u00eas. Estes n\u00fameros s\u00e3o mais elevados nas \u00e1reas urbanas, atingindo cerca de 60% em Los Angeles e 50% em Toronto. Na Europa, o bilinguismo<\/strong> \u00e9 ainda mais prevalente: em uma pesquisa recente, 56% da popula\u00e7\u00e3o em todos os pa\u00edses da Uni\u00e3o Europ\u00e9ia relataram ser funcionalmente bil\u00edngues, com alguns registrando taxas particularmente elevadas, como o Luxemburgo, em 99%. Os bil\u00edngues, portanto, constituem uma parcela significativa da popula\u00e7\u00e3o mundial. A acumula\u00e7\u00e3o de pesquisas mostra que o desenvolvimento, a efici\u00eancia e o decl\u00ednio das habilidades cognitivas cruciais<\/strong> s\u00e3o diferentes entre os bil\u00edngues e os monol\u00edngues.<\/p>\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t O contexto para examinar como o bilinguismo afeta a capacidade cognitiva \u00e9 a neuroplasticidade funcional<\/strong>, o estudo de como a experi\u00eancia modifica a estrutura cerebral e a fun\u00e7\u00e3o cerebral. Os bil\u00edngues, de todas as idades, demonstram um melhor controle executivo do que os monol\u00edngues em idade e outros fatores de fundo. O controle executivo geral \u00e9 o conjunto de habilidades cognitivas baseadas em recursos cognitivos limitados \u00e0 fun\u00e7\u00f5es como sinaliza\u00e7\u00e3o inibit\u00f3ria, attention switching (or set-shifting)<\/em> e mem\u00f3ria ativa.<\/p> O controle executivo geral surge j\u00e1 no in\u00edcio do desenvolvimento e declina progressivamente no envelhecimento. \u00c9 respons\u00e1vel por prestar suporte a atividades como higher-order thinking (or higher order thinking skills (HOTS), multi-tasking e sustained attention<\/em>. As redes neuronais respons\u00e1veis \u200b\u200bpelo controle executivo est\u00e3o centradas nos lobos frontais, com conex\u00f5es para outras regi\u00f5es do c\u00e9rebro, conforme a necessidade de execu\u00e7\u00e3o de tarefas espec\u00edficas.<\/p> Nas crian\u00e7as e adolescentes, o bom desenvolvimento do controle executivo geral \u00e9 fundamental para o desempenho acad\u00eamico. Em uma meta-an\u00e1lise recente, Adesope et al<\/em> \u00a0calcularam efeitos das vantagens do controle executivo em crian\u00e7as bil\u00edngues. Hilchey e Klein resumiram a vantagem bil\u00edngue em uma grande quantidade de estudos com adultos. Esta vantagem demonstrou expandir-se para a idade mais avan\u00e7ada e proteger contra o decl\u00ednio cognitivo<\/strong>.<\/p>\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t Uma pressuposi\u00e7\u00e3o l\u00f3gica para a organiza\u00e7\u00e3o de uma mente bil\u00edngue \u00e9 que ela consiste em dois sistemas de linguagem<\/strong>, representados de forma independente, que s\u00e3o acessados \u200b\u200bde maneira exclusiva em resposta ao contexto: um franc\u00eas-ingl\u00eas fluente em um caf\u00e9 parisiense n\u00e3o tem motivos para considerar como formam o pedido em ingl\u00eas, e uma bil\u00edngue cantonense-inglesa em Boston n\u00e3o precisa reformular o material atrav\u00e9s do chin\u00eas. No entanto, evid\u00eancias substanciais indicam que n\u00e3o \u00e9 assim que a mente bil\u00edngue \u00e9 organizada. Ao contr\u00e1rio disso, os bil\u00edngues fluentes mostram alguma medida de ativa\u00e7\u00e3o de ambos<\/u> os idiomas e alguma intera\u00e7\u00e3o entre eles em todos os momentos, mesmo em contextos inteiramente conduzidos por apenas uma das l\u00ednguas.<\/p> Estes fatos nos levam a concluir que o bilinguismo \u00e9 associado a uma vantagem no attentional control<\/em>. A necessidade de gerenciar dois idiomas ativados conjuntamente conduz a um aprimoramento dos mecanismos de controle de aten\u00e7\u00e3o frontal-posterior, com a consequ\u00eancia de que outros tipos de controle cognitivo<\/strong> tamb\u00e9m s\u00e3o aprimorados. A sinaliza\u00e7\u00e3o inibit\u00f3ria foi sugerida como o mecanismo relevante em estudos iniciais e continua sendo aprovado por pesquisadores.<\/p>\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t Foto: Mulher com destaque para a mente.<\/p>\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t Recentes estudos come\u00e7aram a investigar os correlatos neurais dos processamentos bil\u00edngues examinados na pesquisa comportamental<\/a>. A maioria dessas pesquisas usou fMRI<\/a>[2]<\/a> para estudar bil\u00edngues executando uma tarefa lingu\u00edstica em suas duas l\u00ednguas. Normalmente, os participantes nomeiam ou geram palavras em resposta a uma sinaliza\u00e7\u00e3o indicando que o idioma e desempenho requeridos s\u00e3o comparados para condi\u00e7\u00f5es de idioma \u00fanico e linguagem mista. Dois primeiros estudos revelaram resultados promissores.<\/p> O primeiro levou \u00e0 descoberta surpreendente de que a troca de linguagem foi acompanhada por ativa\u00e7\u00e3o no c\u00f3rtex dorsolateral pr\u00e9-frontal (DLPFC), uma \u00e1rea que faz parte do Executive Control <\/em>(ou Controle Executivo Geral). Pesquisas subsequentes comprovaram o envolvimento desses sistemas e mostraram que a troca de linguagem provoca um padr\u00e3o de ativa\u00e7\u00e3o espacialmente distribu\u00eddo envolvendo regi\u00f5es frontais bilaterais, \u00e1reas pr\u00e9-centrais bilaterais, \u00e1reas caudadas bilaterais, pr\u00e9-suplementares (pr\u00e9-SMA) e regi\u00f5es bilaterais temporais.<\/p> Este padr\u00e3o foi encontrado para bil\u00edngues alem\u00e3o-franc\u00eas, espanhol-catal\u00e3s, chin\u00eas-ingl\u00eas, e espanhol-ingl\u00eas. Alguns estudos tamb\u00e9m relataram ativa\u00e7\u00e3o no c\u00f3rtex cingulado anterior (ACC). Abutalebi e colegas estenderam esta descoberta para mostrar a ativa\u00e7\u00e3o do ACC para troca de idioma e comuta\u00e7\u00e3o n\u00e3o-verbal. Estes estudos confirmam que os sistemas frontais envolvidos no controle executivo geral s\u00e3o recrutados por bil\u00edngues para gerenciar a aten\u00e7\u00e3o \u00e0 linguagem<\/strong>.<\/p> <\/a>[2]<\/a> Resson\u00e2ncia magn\u00e9tica funcional<\/p> Svetlana de Souza Hopf \u00e9 brasileira, doutora em neuroci\u00eancia pela Boston University, Boston, EUA. \u00c9 especializada em psicologia cognitiva e processamento cognitivo de informa\u00e7\u00f5es. CEO e fundadora da empresa C.E.L.L.S. – Cognitive English Language Learning Solutions<\/em> – que oferece um programa hol\u00edstico baseado em intelig\u00eancia artificial para o aprendizado de ingl\u00eas.<\/p>\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\tQuais s\u00e3o essas diferen\u00e7as cognitivas e como o bilinguismo leva a essas mudan\u00e7as?<\/h2>\t\t<\/div>\n\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t
Quais s\u00e3o essas diferen\u00e7as cognitivas e como o bilinguismo leva a essas mudan\u00e7as?<\/h2>\t\t<\/div>\n\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t
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Correla\u00e7\u00f5es Neurais de Reorganiza\u00e7\u00e3o Cognitiva<\/h2>\t\t<\/div>\n\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t
[Continua]<\/strong><\/em><\/h4>\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t
Sobre a autora (Dra. Svetlana de Souza Hopf):<\/em><\/strong><\/h4>
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