{"id":32175,"date":"2022-07-08T11:40:00","date_gmt":"2022-07-08T14:40:00","guid":{"rendered":"https:\/\/www.axisinstituto.com.br\/blog\/?p=32175"},"modified":"2025-06-27T14:47:45","modified_gmt":"2025-06-27T17:47:45","slug":"sinodalidade-obras-eclesiasticas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.axisinstituto.com.br\/blog\/sinodalidade-obras-eclesiasticas\/","title":{"rendered":"A Sinodalidade nos espa\u00e7os e obras eclesi\u00e1sticas"},"content":{"rendered":"\t\t
<\/p>\n
(Por Adilson Souza, MSc)<\/p>\n
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A palavra \u201cS\u00ednodo\u201d<\/strong>, que significa \u2018caminhar juntos\u2019<\/strong>, \u00e9 de origem grega, da express\u00e3o synodus (S\u00fdn<\/em>, com<\/em> +\u00a0Od\u00f3s, caminho<\/em>). A pr\u00e1tica \u00e9 utilizada no seio da Igreja Cat\u00f3lica e de maneira geral, refere-se \u00e0 uma reuni\u00e3o ampla que visa \u00e0 unidade dos membros, uma assembleia composta por pessoas consagradas<\/strong> da Igreja com participa\u00e7\u00e3o de fi\u00e9is leigos, sendo esse s\u00ednodo convocado a partir da observa\u00e7\u00e3o e provoca\u00e7\u00e3o do mundo e da percep\u00e7\u00e3o dos sinais dos tempos que interpelam a sociedade e os povos.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n O Primeiro S\u00ednodo foi decretado pelo Papa Paulo VI, no segundo semestre de 1965, portanto, \u2018nos finalmentes\u2019 do Conc\u00edlio Vaticano II<\/strong>, como \u201cum conselho est\u00e1vel de Bispos, direta e indiretamente sujeito \u00e0 nossa autoridade ao qual damos o nome pr\u00f3prio de S\u00ednodo dos Bispos<\/em>\u201d.[1]<\/a> O zelo apost\u00f3lico e a aten\u00e7\u00e3o aos sinais dos tempos levou a Igreja \u00e0 consolida\u00e7\u00e3o \u00edntima dos la\u00e7os e \u00e0 unidade com os Bispos e \u00e0 promulga\u00e7\u00e3o do Motu<\/em>.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n O Papa Paulo VI, no in\u00edcio da Carta diz que, \u201cesse S\u00ednodo, como toda e qualquer institui\u00e7\u00e3o humana, poder\u00e1, no curso do tempo, assumir formas cada vez mais perfeitas<\/em>\u201d. E o que temos observado, ao longo dos quase 60 anos de hist\u00f3ria sinodal na Igreja (p\u00f3s Carta Apost\u00f3lica), \u00e9 um aprimoramento da pr\u00e1tica realizada, amplia\u00e7\u00e3o de part\u00edcipes, valoriza\u00e7\u00e3o dos leigos e demais fi\u00e9is quanto ao envolvimento, e melhoria das t\u00e9cnicas de escuta, entendimento, discernimento e caminhos<\/strong> que dali t\u00eam surgido.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Dentre os fins gerais do S\u00ednodo quando de sua implanta\u00e7\u00e3o, t\u00ednhamos, \u201cproporcionar as informa\u00e7\u00f5es diretas e fidedignas sobre os problemas e situa\u00e7\u00f5es atinentes \u00e0 vida interna da Igreja, e sua correspondente a\u00e7\u00e3o no mundo atual\u201d <\/em>e \u201cfacilitar a concord\u00e2ncia de opini\u00f5es, ao menos nos pontos essenciais da doutrina e quanto ao modo de atuar na vida da Igreja<\/em>\u201d, ou seja, objetivos que s\u00f3 seriam poss\u00edveis com uma apurada e adequada escuta dos envolvidos para que a Igreja pudesse agir de forma efetiva e, cumprindo sua \u00edndole, de forma claramente evang\u00e9lica.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Ratificando a indispens\u00e1vel escuta e o valor desta, a carta apresentou como fins especiais e imediatos, o \u201cinterc\u00e2mbio de informa\u00e7\u00f5es oportunas\u201d <\/em>e o \u201caconselhamento sobre as quest\u00f5es para as quais o S\u00ednodo seja, cada vez, convocado\u201d. <\/em><\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n O motivo de tal reuni\u00e3o na igreja cat\u00f3lica, quando convocada, a partir da an\u00e1lise e interpelada pelos sinais, \u00e9 para que \u2018caminhemos juntos\u2019, ou seja, a partir do momento em que n\u00f3s, membros da Igreja nos reunimos em esp\u00edrito de sinodalidade<\/strong>, a Igreja est\u00e1, junto a outros e outras, nos estimulando, provocando e abrindo a todos, a oportunidade em estar lado-a-lado do irm\u00e3o e a ouvi-lo, para, a partir dessa escuta, discernir e transformar<\/strong> \u2013 ou criar, fortalecer, encerrar – uma situa\u00e7\u00e3o em quest\u00e3o.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n E \u00e9 este caminho que o Papa Francisco nos prop\u00f5e atrav\u00e9s do \u201cS\u00ednodo 2021\/2023\u201d \u2013 n\u00e3o \u00e9 um caminho novo, mas \u201cnosso\u201d Francisco o tem revitalizado \u2013 como uma caminhada que o pr\u00f3prio Deus espera de cada um e da Igreja como um todo. Ou seja, a espiritualidade dessa caminhada conjunta, segundo Francisco, quando da comemora\u00e7\u00e3o dos 50 anos da institui\u00e7\u00e3o do S\u00ednodo dos Bispos, \u201c\u00e9 precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro mil\u00eanio<\/em>\u201d.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Assim, conforme o Papa e o pr\u00f3prio Evangelho, a Igreja, enquanto sinodal, deve caminhar visando a miss\u00e3o comum de todos n\u00f3s seus membros, quer seja, \u201cir e anunciar o Evangelho a toda a criatura<\/em>\u201d (Mc, 16, 15), dentre outras tarefas de todos os crist\u00e3os. N\u00e3o \u00e9 e nem poderia ser uma caminhada em v\u00e3o mas, sim, uma trajet\u00f3ria com prop\u00f3sito definido, claro e de \u00edndole evang\u00e9lico-mission\u00e1ria.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n No Direito Universal[2]<\/a>, temos a sinodalidade <\/strong>expressa como um ato \u2018colegial\u2019, onde os Bispos exercem o poder sobre toda a Igreja em um Conc\u00edlio (reuni\u00e3o), desde que o poder dessa a\u00e7\u00e3o conjunta dos Bispos tenha sido convocada ou livremente aceita pelo Papa. \u00c9, portanto, a pr\u00e1tica da autoridade episcopal junto ao Papa, como descrito no Motu<\/em> de cria\u00e7\u00e3o do Papa Paulo VI.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n A colegialidade<\/strong> \u2013 tamb\u00e9m de forte sentido eclesiol\u00f3gico – pode-se afirmar, assim, como sendo episcopal, onde os Bispos, juntamente com o Pont\u00edfice, t\u00eam o m\u00fanus de conduzir, como bons pastores, o rebanho de Cristo a eles confiado. Mas, ressalte-se, a sinodalidade n\u00e3o diz respeito somente aos Bispos, mas a toda a Igreja e a cada um de seus membros que a comp\u00f5em.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n \u00a0<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Todos os fi\u00e9is integrados \u00e0 Igreja atrav\u00e9s do batismo t\u00eam, dessa forma, a responsabilidade e a dignidade em viver e fortalecer esse caminho sinodal eclesial, como um povo que caminha, escuta<\/a>, discerne, julga, avalia e age. Mas, como alerta o pr\u00f3prio Francisco, o conceito de s\u00ednodo \u00e9 algo \u201cf\u00e1cil de exprimir em palavras, mas n\u00e3o de ser colocado em pr\u00e1tica<\/em>\u201d,[3]<\/a> haja vista a pr\u00f3pria resist\u00eancia e\/ou omiss\u00e3o de alguns membros da Igreja ao atual, ora em andamento.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Conforme Dom Vital Corbellini[4]<\/a>, \u201co s\u00ednodo possibilita uma vida nova para todo o povo de Deus. E \u00e9 preciso ouvir a voz do Senhor, do seu Esp\u00edrito para que a sua palavra penetre nos cora\u00e7\u00f5es e em todas as estruturas em vista da convers\u00e3o das pessoas para a concretiza\u00e7\u00e3o da paz e do amor na Igreja e no mundo de hoje<\/em>.\u201d Seria, portanto, vazia a nossa escuta e o nosso ver, se o Esp\u00edrito n\u00e3o nos transformar para discernir de forma efetiva e verdadeiramente crist\u00e3, a partir do e com o olhar do Cristo, as situa\u00e7\u00f5es e peculiaridades que permeiam o dia-a-dia na Igreja e o mundo que a \u2018cerca\u2019.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Para a Igreja, o esp\u00edrito sinodal \u00e9 de extrema import\u00e2ncia e necessidade no seio eclesial <\/a>e no cerne desta. E temos, ao longo da hist\u00f3ria de nossa Igreja, mesmo antes de Paulo VI, a permanente presen\u00e7a da sinodalidade, da colegialidade – na tradi\u00e7\u00e3o escrita e oral das escrituras -, nas primeiras comunidades, bem como no cotidiano de nossas realidades locais, par\u00f3quias, dioceses, ordens, Institutos de Vida consagrada e outros entes eclesi\u00e1sticos<\/strong>. S\u00e3o in\u00fameras as formas e presen\u00e7as da metodologia sinodal nos movimentos, pastorais, obras<\/a> e tantos organismos presentes na estrutura da Igreja local e de suas inst\u00e2ncias, mas que comungam da mesma natureza e missionariedade evang\u00e9lica.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n [1]<\/a> Papa Paulo VI. Carta Apost\u00f3lica Motu Proprio Apostolica Sollicitudo, 15\/09\/1965.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n [2]<\/a> C\u00f3digo de Direito Can\u00f4nico, c\u00e2none 337.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n [3]<\/a> Comemora\u00e7\u00e3o do Cinquenten\u00e1rio da Institui\u00e7\u00e3o do S\u00ednodo dos Bispos; Discurso do Papa Francisco. Out\/2015<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\nA Igreja e a Sinodalidade<\/h2>\n
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\n[Continua]<\/em><\/strong><\/h3>\n
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